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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

No dia de combate ao câncer, entidades defendem rapidez em diagnóstico

São Paulo - O Hospital A.C. Camargo, que é referência no tratamento de câncer, faz parceria internacional de pesquisa sobre a doença com o Programa Grand Challenge (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Boa Vista, RR
- A advogada Leide Jane tem 47 anos e descobriu em janeiro de 2017 que tinha câncer de colo de útero. Ela fez o tratamento no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), que incluiu quimioterapia, radioterapia e braquiterapia até setembro de 2017. “De lá para cá, tenho feito acompanhamento de três em três meses”, disse Leide Jane à Agência Brasil.

O câncer levou a advogada a mudar alguns hábitos. “Passei a buscar a prática de esportes, passei a não levar desaforo para casa. Meu temperamento mudou um pouquinho, porque antigamente eu guardava muita coisa e hoje eu não estou disposta mais. Busco estar próxima de pessoas alegres; de pessoas problemáticas eu me afasto.”

Leide estará presente no Inca hoje (4), Dia Mundial de Combate ao Câncer, quando o instituto vai divulgar estudo inédito sobre os sobreviventes do câncer e suas necessidades especiais. O estudo revela que, como as taxas de sobrevida da doença são cada vez maiores, milhares de pessoas têm sobrevivido ao câncer em todo o mundo. Muitas, entretanto, ficam com sequelas, inclusive emocionais. O estudo do Inca pretende mostrar como lidar com essas pessoas, como elas reagem e adotam hábitos mais saudáveis.

Leide Jane disse que está se sentindo mais forte. O câncer, para ela, “foi um aprendizado em muitos aspectos”.

Diagnóstico útil

A campanha global Eu Sou e Eu Vou, organizada pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC), marca o Dia Mundial de Combate ao Câncer colocando cada indivíduo, instituição, empresa, governo ou comunidade como potencial vetor de transformação e redução do impacto do câncer. Anualmente, cerca de 9,6 milhões de pessoas em todo o mundo morrem em decorrência do câncer. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) estima que, até 2030, o câncer deve ser a principal causa de morte no mundo. Esses números poderiam ser menores se a doença fosse detectada mais cedo, de modo a permitir um tratamento mais eficaz e assertivo, afirma a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama).

Membro da UICC e em comemoração ao Dia Mundial de Combate ao Câncer, a Femama convida os brasileiros a se mobilizarem pela aprovação do Projeto de Lei (PLC) 143/2018, ou PLC dos 30 Dias, que pode contribuir com o aumento de diagnósticos em estágios mais iniciais da doença. O projeto foi aprovado pela Câmara Federal em dezembro do ano passado e tramita no Senado.

A presidente voluntária da Femama, Maira Caleffi, reforça que ações em datas como o Dia Mundial de Combate ao Câncer são fundamentais para que a população e o governo deem mais atenção a projetos com potencial de transformação, como a PEC dos 30 Dias. “À medida que o acesso à informação, ao diagnóstico e ao tratamento melhora, a chance de sobrevida também cresce; por isso, devemos continuar a fortalecer a luta por uma legislação que permita acesso a diagnóstico ágil do câncer e salve vidas”, afirma.

O projeto estabelece que os exames necessários para a descoberta do câncer ou a confirmação em biópsia devem ser feitas em 30 dias no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje não há um prazo definido para a confirmação da doença, o que pode fazer com que o câncer evolua, impedindo que os doentes possam se tratar de forma mais rápida.

Mobilização

As 74 ONGs que integram a rede Femama no Brasil foram mobilizadas para entregar documentos aos senadores de seus estados, com explicações sobre a importância do projeto e para que apoiem a medida na Casa.

Dados da Sociedade Americana do Câncer (ACS) revelam que nos Estados Unidos as chances de sobrevida após cinco anos de uma paciente com câncer de colo de útero, por exemplo, que teve diagnóstico nos estágios iniciais, é de 93%, contra 15% nos casos em que o diagnóstico é feito em estágios mais avançados.

A entidade brasileira defende ainda que o tratamento de pacientes com câncer em estágios iniciais é muito mais barato. Segundo a Femama, no caso do câncer de mama, o investimento feito em uma paciente na rede pública de saúde brasileira era de R$ 49.488, em 2016, quando o diagnóstico era feito no primeiro estágio da doença. Quando diagnosticado no terceiro estágio, esse custo evoluía para R$ 93.241.

A população brasileira pode contribuir para o avanço da PEC dos 30 Dias no Senado pela internet, no portal do Senado E-cidadania, votando de maneira afirmativa à pergunta: “Você Apoia essa Proposição?”.

Fonte: Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil/Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

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