Entre os presos estão Guilherme Campos, filho da governadora Suely Campos (PP), detido em Brasília, e dois ex-secretários de Justiça e Cidadania, Ronan Marinho e Josué Filho, em Boa Vista. O deputado estadual eleito Renan Filho (PRB), suspeito de ligação com o esquema e também alvo de mandado de prisão, está foragido.
Para a operação, iniciada às 6h (8h de Brasília) foram expedidos 11 mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão em Boa Vistae Brasília. As medidas foram autorizadas pelo Tribunal de Justiça de Roraima. O G1 tenta contato com as defesas dos envolvidos na operação.
Nas buscas foram apreendidos carros de luxo, computadores, celulares, documentos e dinheiro. Os envolvidos estão sendo levados à sede da PF onde serão ouvidos e indiciados pelos crimes lavagem de dinheiro, organização criminosa, fraude licitatória e peculato.
Policiais federais foram à casa da governadora Suely Campos (PP) — Foto: Marcelo Marques/G1 RR
Logo no início da operação, a PF foi à casa da governadora no Centro da capital, onde cumpriu mandado de busca e apreensão. Ela, no entanto, não é investigada na ação. Policiais também foram à sede da empresa Qualigourmet, firma que cuida da alimentação no sistema prisional e é alvo da operação.
Joaquim Neto, advogado da empresa Qualigourmet, informou que a firma só deve se manifestar quando tomar conhecimento do teor das investigações.
De acordo com a PF, o esquema de desvio de dinheiro aconteceu entre 2015 e 2017. A fraude foi descoberta após um inquérito, instaurado no ano passado, apurar irregularidades em contratos de fornecimento de alimentação para presídios em Roraima.
Esquema de superfaturamento
O esquema teve início no começo de 2015, com a contratação emergencial da empresa Qualigourmet, constituída 8 dias antes para cuidar da alimentação dos presos no estado. Em 2018, a mesma empresa suspendeu entrega de comida aos detentos alegando dívidas do governo.
As investigações mostram que a empresa, responsável pelos fornecimentos desde 26 de fevereiro de 2015 até hoje, superfaturava o valor da alimentação, além de informar quantitativo superior de refeições ao que era efetivamente providenciado e de fornecer alimentos de baixa qualidade. O esquema já foi alvo de outra operação da PF e de investigação em CPI na Assembleia Legislativa.
Os responsáveis pela empresa, que está em nome de laranjas e teria o filho da governadora como verdadeiro dono, realizaram saques de aproximadamente 30% do valor dos contratos, em espécie, para o pagamento de propinas e para o enriquecimento ilícito dos reais proprietários do negócio.
Vários saques e repasses foram constatados pela PF através de filmagens feitas durante as investigações, a qual contou também com provas obtidas após quebra do sigilo bancário e telefônico dos investigados.
Escuridão faz referência à nona praga bíblica do Egito, que veio após aos Gafanhotos - nome do maior escândalo de corrupção investigado em Roraima - na qual o povo foi colocado sob trevas em razão das ações do Faraó.
A operação acontece depois da União assumir a gestão do sistema prisional de Roraima, e fazer uma intervenção na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, unidade dominada pelo crime organizado, de onde partiram ordens para uma série de atentados a delegacia e órgãos públicos entre 29 e 30 de julho deste ano.
Fonte: G1/RR
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